Fepesp - Federação dos Professores do Estado de São Paulo

Por Beth Gaspar em 25 de agosto de 2021

25/08 - Escola de elite fatura e não paga salário, dono enroscado na fraude da Universidade Brasil, ministro se vinga de estudante que faltou no Enem, e mais: 50 anos de fotos da natureza no Brasil

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Nova batalha no Senado, e desta vez é pela rejeição do PL 5595. Lembra? Esse é o projeto de lei que torna a educação ‘atividade essencial’ e não para dar mais importância ao ensino, mas para aplicar um garrote nos profissionais de educação e obriga-los a dar aula presencial em qualquer situação. 

 

 

O NEGÓCIO DA EDUCAÇÃO

Escola de elite de SP com mensalidade de R$ 5.000 demite funcionário e atrasa salário
Folha de S. Paulo; 24/08
https://bit.ly/3mvUuHi

Menos de um ano após ser comprado em um acordo milionário por uma empresa de investimentos, o colégio Palmares, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, está demitindo funcionários e já atrasou por dois meses os salários dos professores. Colegas demitidos pretendem entrar com uma ação coletiva contra a escola, já que a direção não pagou as verbas rescisórias. O Sinpro (Sindicato dos Professores de São Paulo) também encaminhou denúncia ao Ministério Público do Trabalho pelo atraso nos pagamentos.

 

Como aquisição milionária no setor de educação resultou em professores sem salários
BBC Brasil; 24/08
https://bbc.in/3mtaXMx

O empresário que atualmente responde pelo grupo [que comprou o Palmares], LIT Capital Group, Carlos Augusto Melke Filho (na foto), argumentou ao sindicato que o atraso nos pagamentos se deveu a um bloqueio pelo banco da conta garantia em que a escola recebe as mensalidades, em meio a um processo de transição em que Melke Filho está assumindo diretamente a administração da escola.

Esse não é o primeiro negócio do empresário no setor de educação.

Presidente do Lide MS (Grupo de Líderes Empresariais de Mato Grosso do Sul), o empresário se tornou réu em 2019, suspeito de participar de suposto esquema de comercialização de vagas para curso de medicina e de fraudes de R$ 500 milhões no Fies, programa do governo federal de bolsas de estudo para o ensino superior privado.

Melke Filho foi um dos alvos da Operação Vagatomia, da Polícia Federal, que investigou a Universidade Brasil, instituição de ensino do interior paulista.

O SinproSP (Sindicato dos Professores de São Paulo), entidade que representa os professores de escolas particulares do Estado, está acompanhando o caso e deve apresentar denúncia contra a escola ao Ministério Público do Trabalho nesta semana.

Fábio Zambon, diretor do SinproSP que está acompanhando o caso do Colégio Palmares pelo sindicato, é crítico ao novo modelo.

"É um desastre para a educação do Brasil, porque são grupos de investimento que visam lucro, vão tratar a educação como mercadoria", afirma. "Eles não estão preocupados com o modelo pedagógico, mas sim com o que a escola pode trazer de lucro."

 

Vitru Educação anuncia compra da UniCesumar por R$ 3,2 bilhões
Folha de S. Paulo; 24/08
https://bit.ly/3DeYB0r

A Vitru Educação, grupo que controla a catarinense Uniasselvi, anunciou nesta terça-feira (24) a aquisição da Unicesumar, grupo de educação de Maringá (PR), pelo valor de R$ 3,2 bilhões.

A aquisição reforça a posição do grupo na disputa com a Cogna (ex-Kroton), especialmente no ensino à distância. A Vitru Educação tem cerca de 329 mil alunos de educação a distância no curso superior. Já a paranaense tem 331 mil alunos de ensino superior, sendo a maioria na modalidade virtual.

A conclusão do negócio ainda depende de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).


Vitru precisa gerar sinergias significativas com UniCesumar, diz Credit Suisse
Valor Econômico; 24/08
https://glo.bo/3sJOL1N

A compra por R$ 3,2 bilhões da UniCesumar pela Vitru, controladora da Uniasselvi, precisa gerar sinergia significativas para justificar o valor, diz o Credit Suisse. Os analistas Mauricio Cepeda e William Barranjard estimam que a nova empresa pode chegar a três vezes o valor atual de mercado da Vitru.

“Baseados nos parâmetros anunciados e considerando alguma sinergias de gastos gerais e administrativos, estimamos que a operação é marginalmente atrativa. A implicação é que a empresa terá que explorar seu tamanho para colher sinergias comerciais e operacionais”, escrevem.

 

POLÍTICA EDUCACIONAL

Ministro da Educação diz que vetou gratuidade para alunos 'que deram de ombro' e faltaram ao Enem durante a pandemia
O Globo; 24/08
https://glo.bo/38d0Bb6

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que o baixo número de inscritos do Enem em 2021, o menor desde 2005, se deve ao fato dele ter negado a gratuidade aos “que deram de ombro” para o exame no ano passado.

A prova de 2020 foi realizada em janeiro de 2021. Naquele mês, 29.555 pessoas morreram de Covid-19 no país, número que até aquele momento só era menor do que em junho e julho de 2020. Além disso, nenhum outro mês antes dele teve tantos casos confirmados, com 1.386.005 infectados. Quem faltou por temer se contaminar ou levar o vírus aos familiares não teve direito justificar a falta.

Inep estuda terceirizar banco de questões usado no Enem
Folha de S. Paulo; 24/08
https://bit.ly/389b73j

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) determinou que seja feito estudo sobre a possibilidade de terceirizar a elaboração e revisão das questões do BNI (Banco Nacional de Itens), de onde saem as perguntas para provas nacionais, como a do Enem.

Os servidores ficaram apreensivos com o pedido. Com a terceirização, avaliam que a prova estaria mais suscetível a interferências. Desde o início do governo Jair Bolsonaro (sem partido), os presidentes que passaram pelo Inep em diversos momentos tentaram implementar medidas para retirar questões que consideram ideológicas.


Opinião: ‘Educação inclusiva ou eugênica?’
Jota; 23/08
https://bit.ly/2WqXo5B

Por Hanna Baptista, advogada, especializada em pessoas com autismo: “Em meio ao desespero de tantas famílias para garantir o acesso à educação, o pleito por qualidade de ensino inclusivo reduz-se aos poucos ao pedido de acesso ao ensino, que por sua vez reduz-se paulatinamente ao pleito por mínima dignidade – numa descrente expectativa social de uma sociedade que respeite as divergências neurológicas e motoras. Justamente nesse ambiente de espera por socorro do Poder Executivo, o qual tem o dever legal de atuar em prol da inclusão, a fala de que “crianças deficientes atrapalham” não só é retrógrada, trágica e cruel, mas flagrantemente ilegal”.

 

CORONAVÍRUS

Estudos indicam terceira dose de vacinas. Brasil supera 575 mil mortes
Rede Brasil Atual; 24/08
https://bit.ly/3jm03X3

Pesquisadores apontam para a necessidade de reforçar a imunização com uma terceira dose de vacinas. Em especial, para grupos vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos. Muitos países com a vacinação mais avançada já iniciaram o processo. Entre eles, Israel e Estados Unidos. Ambos enfrentam uma nova onda de contágios e mortes. Nos Estados Unidos, o crescimento de mortes tem relação com a rejeição de grande parte da população às vacinas. O país tem menos de 50% de pessoas totalmente imunizadas, mesmo com abundância de doses. Já em Israel, o governo aposta totalmente nas vacinas, mas abandonou o uso de máscaras e o distanciamento social.

Israel e Estados Unidos utilizaram vacinas da Moderna, Pfizer e Janssen. A aplicação de uma terceira dose destes fármacos já foram comprovadas como eficientes para ampliar a proteção.

 

TRABALHO

Governo Bolsonaro tenta abrir diálogo com centrais sindicais em meio à crise de popularidade
Painel, Folha de S. Paulo; 25/08
https://bit.ly/3zcOSFo

O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, recebeu o Fórum das Centrais Sindicais nesta terça-feira (24), em Brasília. Segundo as lideranças das centrais, o convite partiu de Lorenzoni, que manifestou interesse em abrir um canal de diálogo para ouvir as demandas do grupo.

Compareceram representantes de CUT, Força Sindical, UGT, CTB e Nova Central.

Desde que Bolsonaro assumiu a Presidência, em 2019, a interlocução entre as centrais sindicais e o governo federal foi congelada. O presidente inclusive dissolveu o Ministério do Trabalho, recriado em julho deste ano.

Participantes do encontro relatam que Onyx se disse aberto às reivindicações dos sindicalistas e que a reunião desta terça seria a primeira de muitas.

Fotógrafo registra há 50 anos a natureza que o Brasil está destruindo
BBC News; 23/08
https://bit.ly/3gwvThA

"A fotografia tem um papel importante porque ela é uma crônica. Quando feita com arte e com informação, é a crônica da beleza e do extermínio. Eu venho acompanhando o processo de desertificação desse país. É impressionante."

Em 2021, o fotógrafo Araquém Alcântara (foto) completou 70 anos, 50 deles dedicados a preservar em imagens a natureza que o Brasil está destruindo.

Com o que considera um olhar amadurecido para o exercício de paciência e contemplação que é a fotografia de natureza, Araquém volta à Amazônia neste fim de agosto para registrar o que é esperada para a ser a pior temporada de queimadas dos últimos anos, em meio à forte seca que assola o Brasil e ao enfraquecimento da fiscalização ambiental promovido pela gestão Jair Bolsonaro (sem partido).

Ao mesmo tempo, planeja para novembro o lançamento do livro comemorativo dos seus 50 anos de profissão; para o primeiro semestre de 2022, um livro sobre a Amazônia voltado ao público europeu; e ainda sem data, um terceiro livro, sobre a fauna brasileira para escolas.

"Meu trabalho é resistência da memória. Mais de 50% do cerrado já foi; restam só migalhas, nem 1% das matas de araucárias; e a Amazônia começa a entrar no seu ponto de declínio, no seu ponto de savanização e daqui a pouco não produz mais chuva", diz Araquém à BBC News Brasil.

"O [historiador americano] Warren Dean em determinado momento se pergunta: 'Não deveria esse holocausto produzido pelo homem ser relatado de geração para geração? Não deveria o manual de história aprovado pelo Ministério da Educação começar assim: Crianças, vocês vivem em um deserto, vamos lhes contar agora como foi que vocês foram deserdadas'", afirma o fotógrafo, citando o autor de "A Ferro e Fogo", clássico da história ambiental sobre a devastação da mata atlântica brasileira.

"É preciso documentar, é preciso mostrar isso, é preciso gritar por mudança já. Ainda bem que, para isso, eu tenho o texto e a foto."

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