Em sua proposta, o Semesp – que é o sindicato dos estabelecimentos de ensino superior privado em São Paulo – reclama das condições econômicas do país e das dificuldades impostas pela pandemia para rejeitar qualquer reajuste salarial ou correção de vencimentos por conta das perdas provocadas pela inflação de 2020 e 2021.
“Depois de dez meses de negociação e de um silêncio no início deste ano, o Semesp encaminha proposta formal que renega tudo o que foi negociado até agora. Falta seriedade nessa proposta”, diz Celso Napolitano, coordenador da comissão de negociação dos sindicatos.
No processo de negociação entre a comissão dos sindicatos e o Semesp houve entendimento pela prorrogação das cláusulas existentes das convenções coletivas de professores e de auxiliares de administração escolar por dois anos. Comunicados conjuntos foram assinados para esclarecer questões relacionadas a garantia semestral de salários em final de semestre e de homologações de dispensas. Mas a definição de propostas para os demais itens das convenções coletivas tem sido postergada pelo Semesp.
Apesar de ser um dos setores que melhor puderam enfrentar as restrições impostas pela pandemia - já que seus clientes, ou melhor, alunos, rapidamente se adaptaram ao ensino remoto, que era praticado antes do coronavírus na forma de sessões de Ensino a Distância – os estabelecimentos de ensino superior demonstram estar apenas interessados em manter números saudáveis em suas planilhas financeiras.
Ao privilegiar o lucro sobre o resultado acadêmico, as IES desvalorizam e pauperizam seus profissionais, desprezam a necessidade de formação de profissionais qualificados para o desenvolvimento do país e, em última análise, se alinham à política de desindustrialização promovida pelo governo federal.
“Esse desprezo por seus profissionais e pela formação superior, com o sucateamento do ensino e desvalorização do docentes poderá colocar em jogo inclusive fatores importantes de soberania nacional”, diz Celso Napolitano. “A pandemia é apenas uma desculpa para continuar faturando enquanto finge estar educando”.
Aos professores e pessoal administrativos, fica o alerta: todos serão chamados a se manifestar. Fique atento aos avisos e à convocação do seu sindicato. Nossa resposta à negligência das mantenedoras deverá ser coletiva, Na defesa dos nossos direitos e na defesa da nossa vida.
ENSINO SUPERIOR: SINDICATOS RECUSAM PROPOSTA PATRONAL QUE NÃO REPÕE INFLAÇÃO