“De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”. Entre tantas efemérides que lembramos neste ano de 2022, uma delas é a memória da fundação da União das República Socialista Soviéticas ocorrida há cem anos.
Gostaria de me debruçar um pouco sobre o “soviete”, organização dos trabalhadores e trabalhadoras, nas diversas áreas de produção, ou então de outros setores econômicos que compunham o chamada terceiro setor produtivo. Esses sovietes tinham autonomia administrativa, jurídica e política, cada qual procurava colocar em prática, juntos aos seus membros, a máxima da cultura marxista expressa na primeira frase desse texto. Da mesma forma, na união deles também se aplicava esse espírito cooperativo.
Essa união formou uma federação, que, de tão importante foi fundamental para deter o avanço nazista no mundo e também para se contrapor ao liberalismo que grassava na economia mundial desde o século XVIII. Nesse caso Eric Hobsbawn nos lembra que o surgimento da Social Democracia na Europa ocidental pode ser colocada como um contraponto ao Socialismo Soviético: “Vamos dar os anéis para não perder os dedos”, pensaram ,então, os donos do poder nesses países.
O modelo federativo mostra-se , portanto, um forte instrumento de organização e resistência.
Mesmo Estados liberais como os EUA e até mesmo o Brasil são organizados sob referido modelo, guardando as suas especificidades de cada modelo.
O último Consind da nossa federação (FEPESP) foi algo histórico porque resgatou o espírito da frase inicial desse texto.
Cada sindicato que compõem a nossa federação continuará com as autonomias previstas na sua existência: política, jurídica, econômica e representativa. Quando cada um contribuí “conforme a sua possibilidade” fortalece a federação, que em troca dará encaminhamento às necessidades de cada entidade.
A organização das campanhas salariais, na defesa e na ampliação dos nossos direitos coletivos expressos na Convenção Coletiva de Trabalho, ou em Acordos Coletivos, o apoio jurídico quando necessário, a produção de material de comunicação para dialogar com a categoria, o apoio nas campanhas de sindicalização, a presença física dos membros da executiva da federação quando solicitada.
Todas essas ações mostram a importância da federação que, num processo dialético, existe por conta das Entidades Sindicais e, ao mesmo tempo, as apoia.
No entanto, a ação se faz na prática. Valendo-me de outro conceito marxista: a práxis política deve ser constante, no seu conceito e na sua ação, o que foi deliberado pelos delegados e delegadas das Entidades presentes, de forma unânime, deverá ser sempre aplicado, com o risco, de não o fazendo, os esforços de todos na manutenção dessa importante Federação, esvair-se, tornando-se inútil!
Evoé aos nossos esforços, evoé à nossa resistência, evoé à nossa união!
Ailton Fernandes, professor, é diretor de Comunicação da Fepesp e procurador do Sinpro SP