Não é de hoje que a docência é considerada uma das profissões com maior índice de adoecimento mental, o que é confirmado por estudos brasileiros e internacionais. Em 2015, segundo a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), a educação aparecia com o terceiro maior índice de afastamento entre as secretarias estaduais, com 30%. De acordo com a pesquisa, baixos salários, péssimas condições de trabalho e violência nas escolas são os principais fatores que colaboram para o sofrimento mental dos professores.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta a categoria docente como sendo a segunda a apresentar mais doenças ocupacionais. Um estudo realizado no Paraná, em março deste ano, mostra o sofrimento mental como o problema de saúde mais citado pelos professores estaduais: 29,73% da categoria relatou alguma forma de adoecimento como depressão, ansiedade e estresse, entre outros.
O Sindicato dos Professores da Rede Privada do Rio Grande do Sul lançou, em 2016, uma cartilha contendo estudos sobre a saúde mental dos docentes. O documento aponta que “o sofrimento na docência ocorre, por exemplo, diante de conflitos nas relações, da longa e exaustiva jornada de trabalho, da diversidade e complexidade das atividades, das dificuldades inerentes às relações em sala de aula, da desvalorização salarial, da progressiva desqualificação e do escasso reconhecimento social de seu trabalho”.
Segundo o estudo, entre os anos 2009 e 2013, somaram-se 2.100 auxílios-doença e/ou aposentadorias por invalidez concedidas na região Sul do Brasil a professores da rede privada, o que representa 62% entre os afastamentos por adoecimento mental.
Para os professores estaduais do RS, o Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) considera que os últimos quatro anos têm sido especialmente complicados, pois os servidores vêm sofrendo com atrasos e parcelamentos salariais que já completam 34 meses. A entidade está realizando um levantamento em todo o Estado sobre as condições da saúde mental dos profissionais, mas o estudo ainda não foi concluído.
A categoria afirma que os casos de afastamento e ansiedade vêm aumentando nos últimos anos. Além disso, para aqueles que já sofrem com algum tipo de doença, o atraso nos salários também dificulta a compra de medicamentos.
Posição do Estado
A Secretaria de Educação do Estado não informou se conta com algum programa de apoio aos professores e disse não ter um levantamento de docentes afastados por adoecimento mental, pois esses dados são de responsabilidade do departamento de Perícia Medica da Secretaria de Modernização Administrativa e de Recursos Humanos (SMARH). O Sul21 entrou em contato nesta quinta-feira (18), mas, até o fechamento da reportagem, não obteve resposta por parte da SMARH.