por Beth Koike
Valor Econômico
A britânica Pearson está negociando a venda dos sistemas de ensino COC e Dom Basco, material didático usado por 250 mil alunos e que juntos têm receita de cerca de R$ 200 milhões, segundo o Valor apurou.
O negócio é avaliado entre dez e doze vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), diz uma fonte.
Entre os grupos participantes do processo estão a Vasta, braço de prestação de serviços de educação básica da Cogna, e a Arco Educação - ambas as companhias possuem ações na Nasdaq, bolsa americana, e estão capitalizadas para investir em expansão.
Os sistemas de ensino COC e Dom Bosco pertenciam ao Grupo SEB que, há dez anos, vendeu esses ativos, incluindo o sistema de ensino do Pueri Domus, à Pearson por R$ 888 milhões - foi um dos maiores negócios do setor na época. Em 2017, Chaim recomprou o sistema de ensino do Pueri Domus e fechou um acordo prevendo que continuaria utilizando os sistemas do COC e do Dom Bosco por mais cinco anos. Na transação fechada em 201O com a Pearson, o SEB continuou com os colégios que levam as marcas dos sistemas de ensino e, atualmente, tem a maior rede de escolas privadas do país.
Logo após a aquisição dos sistemas de ensino, a Pearson promoveu uma forte reestruturação desse negócio, cresceu, mas nos últimos anos deixou de investir na operação, que vem perdendo alunos. A companhia britânica só possui sistemas de ensino no Brasil, não há sinergias com as demais operações do mundo.
A empresa vem se desfazendo de alguns dos negócios adquiridos por altas cifras no passado. Em 2017, vendeu as franquias de cursos profissionalizantes Microlins, SOS e People, adquiridas quatro anos antes. Esses ativos pertenciam ao Grupo Multi, que também era dono das escolas de idiomas Wizard, Yázigi e Skill (estas continuam nas mãos da Pearson). O negócio todo foi comprado por quase R$ 2 bilhões.
O foco do grupo britânico no Brasil será seu negócio de idiomas, composto pelas escolas e livros didáticos. Essa operação representa a maior parte de sua receita.
A Pearson contratou o banco J.P. Morgan para intermediar a transação, que está em sua fase inicial.
No mundo, a britânica também vem promovendo uma reestruturação em seu negócio, concentrando-se mais na área digital. No primeiro semestre, a Pearson apurou queda de 18% em sua receita para 1,8 bilhão de libras e teve prejuízo operacional de 23 milhões de libras, ante um lucro 144 milhões de libras registrado um antes.
Procurada pela reportagem, a Pearson informou que não comenta rumores ou especulações de mercado. "Como uma empresa que atende milhões de alunos em todo o mundo, a Pearson está comprometida em tomar as melhores decisões corporativas para garantir que nossos parceiros, professores e alunos continuem tendo acesso à melhor educação possível", segundo comunicado.
E os negócios não param:
Negócios na Educação: Ânima Educação anuncia compra de ativos da Laureate no Brasil
https://fepesp.org.br/noticia-inferior/ebook/