Se dúvidas havia, a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, em audiência realizada na quarta-feira, 03 de abril, serviu para desnudar por completo as perversidades ultraliberais que a proposta de mudanças no sistema de seguridade apresentada pelo governo Jair Bolsonaro pretende consagrar, ao abandonar qualquer perspectiva de proteção social, condenar milhões de trabalhadoras e trabalhadores a morrer sem se aposentar (principalmente os mais pobres) e transformar o sistema de previdência em mais uma mercadoria.
Atento a esse debate e um dos principais estudiosos do tema no país, Eduardo Fagnani (foto), economista e professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), sugere que, para além dos detalhes técnicos da proposta, evidentemente relevantes, o debate se concentre também nos significados políticos mais amplos das mudanças.
Para Fagnani, o projeto apresentado pelo governo federal representa o sepultamento do chamado pacto social estabelecido pela Constituição de 1988, não por acaso também conhecida como “Constituição Cidadã”.
“Não há novidade no projeto de implantação do neoliberalismo no Brasil. Houve uma pausa nesses ataques entre o segundo governo Lula e o primeiro governo Dilma, mas a elite econômica sempre quis romper com o pacto social que a impede de agir sem qualquer tipo de freio ou controle”, analisa o especialista.
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Uma entrevista com o economista Eduardo Fagnani, aqui.