Fepesp - Federação dos Professores do Estado de São Paulo

Por Beth Gaspar em 30 de janeiro de 2023

30/01 - Volta às aulas afeta trânsito, saúde mental de alunos e autonomia docente; as greves de professores em Portugal, cursos de engenharia caem pela metade, e mais: “Mão pesada contra o golpismo, mão estendida à esperança’,  por Boaventura de Souza Santos

Saúde mental dos alunos é principal preocupação na volta às aulas - Após dois anos de aulas presenciais interrompidas pela pandemia, a expectativa era de que o ano letivo de 2022 seria de retomada da normalidade das relações escolares. As escolas, no entanto, se depararam com uma situação inédita de dificuldade de convívio e esgotamento mental dos alunos. Por isso, a saúde mental é vista como principal preocupação nesta volta às aulas.

O diretor de uma escola da zona sul de São Paulo, conhecida pelos bons resultados nos principais vestibulares do país, disse à Folha, sob condição de anonimato, que os próprios professores pediram mais autonomia para administrar os conteúdos escolares por perceber que os alunos não estavam acompanhando.. Folha de S. Paulo 29/01  http://glo.bo/3WLHJqI


Cai quase pela metade a busca por cursos de engenharia -
Essa queda, na rede privada de ensino, é muito superior à redução de 19,3% registrada no mercado de cursos presenciaisConsiderado prioritário para retomada econômica e um dos mais procurados há cerca de dez anos, o curso de engenharia, em especial da rede privada, vive atualmente um ostracismo. O número de alunos matriculados nessa graduação, na modalidade presencial, em faculdades particulares caiu 44,5% entre 2014 e 2020. Valor Econômico 30/01  http://glo.bo/3WLHJqI

 

No MEC, ministro vê indícios de fraude no FNDE: 'Atendia a interesses políticos' - Em entrevista à revista VEJA, o ministro da Educação, Camilo Santana, criticou a falta de transparência no repasse de verbas do FNDE durante o governo Jair Bolsonaro (PL), que coleciona suspeitas de corrupção. “Há ali vários indícios de fraudes, o que uma auditoria da Advocacia-Geral da União está aprofundando a meu pedido. Para mim, ficou claro que altos recursos foram canalizados atendendo a interesses políticos”.  UOL 29/01  https://bit.ly/3HcUUuW

 

Dia a dia: uniforme escolar impõe restrições, mas facilita vida das famílias - No Brasil, os uniformes escolares começaram a ser usados por volta de 1890, nas antigas escolas normais, que formavam professoras. Depois, foram se espalhando. Na década de 1990, eles sofreram uma grande mudança, ficando mais confortáveis —é como os conhecemos hoje.

"Visto pelo lado humano, o uniforme cria uma sensação de igualdade, independente de classe social. Quando a escola uniformiza seus alunos, ela modela todos em um único padrão", analisa a consultora e pesquisadora de moda Alessandra Ponce. Folha de S. Paulo 28/01  https://bit.ly/3HIpsGc

 

Prorrogado prazo da Consulta Pública do CNE sobre a proposta para Diretrizes Nacionais Orientadoras para a Educação Híbrida na Educação Básica - O Conselho Nacional de Educação (CNE) prorrogou o prazo da Consulta Pública destinada a colher contribuições ao documento com proposta para Diretrizes Nacionais Orientadoras para o desenvolvimento da Educação Híbrida e das práticas flexíveis do processo híbrido de ensino e aprendizagem no nível da Educação Básica. As contribuições ao documento podem ser enviadas até 10 de fevereiro, aqui. Undime 28/01  https://bit.ly/3Y5qS3c

 

Artigo: ‘As transformações da Educação Superior Brasileira — 2010-2020’ -   O acesso a dados de diferentes anos permite, ainda, ter uma visão inédita da evolução do ensino superior brasileiro, como no gráfico abaixo, no qual se pode observar que o crescimento foi quase que exclusivamente concentrado no primeiro tipo de instituição, as instituições privadas de grande porte, voltadas sobretudo para a educação à distância e noturna. Jornal da Unicamp  26/01  https://bit.ly/3HfWEn7

 

INTERNACIONAL

Greves de docentes espelham precariedade da educação pública em Portugal -  Em meio a greves e paralisações em escolas públicas em todas as regiões de Portugal, milhares de professores e auxiliares de ensino marcharam pelas ruas de Lisboa em protesto no sábado (28). Foi a segunda grande manifestação em menos de um mês, expondo a insatisfação generalizada entre profissionais do ensino.

A lista de queixas dos docentes é extensa e enumera desde entraves à progressão de carreira até um sistema de distribuição geográfica que pode colocar professores em escolas a mais de 200 km de casa. Há novos protestos convocados para as próximas semanas para a capital e para outras cidades lusas, em um momento em que professores e governo estão em processo de negociações. Folha de S. Paulo  29/01  https://bit.ly/3kUJPqJ

 

SINDICATOS

Metodistas: Sindicatos pedem cumprimento do Plano de Recuperação - Em documento ao Juiz de Direito, os sindicatos e a confederação requerem que a Rede Metodista seja intimada, via cartório, a comprovar o pagamento integral de todos os créditos no prazo de 48 horas.

As entidades relembram a todos os trabalhadores e ex-trabalhadores com créditos a receber a necessidade de enviar os dados bancários para o email recuperacao.judicial@metodista.br Sinpro ABC, Sinpro Campinas e outros  25/01    https://bit.ly/3Jq88Hn

 

 

Artigo: “Mão pesada contra o golpismo, mão estendida à esperança’,  por Boaventura de Souza Santos
Rede Brasil Atual, 29/01
https://bit.ly/3DrkpaS

Dificilmente se encontrará na política internacional um começo tão turbulento de um mandato democrático como o que caracterizou o do presidente Lula.

A democracia esteve por um fio e está salva (por agora), devido a uma combinação contingente de fatores excepcionais: o talento de estadista do presidente, a atuação certa no momento certo de um ministro no lugar certo, Flávio Dino, logo secundado pelo apoio ativo do STF.

As instituições especificamente encarregadas de defender a paz e a ordem pública estiveram ausentes, e algumas delas foram mesmo coniventes com a arruaça depredadora de bens públicos.

Quando uma democracia prevalece nestas condições, dá simultaneamente uma afirmação de força e de fraqueza. Mostra que tem mais ânimo para sobreviver do que para florescer. A verdade é que, a prazo, só sobreviverá se florescer e para isso são necessárias políticas com lógicas diferentes, suscetíveis de criarem conflitos entre si. E tudo tem de ser feito sob pressão. Ou seja, o futuro chegou depressa e com pressa.

O Brasil não volta a ser o que era antes de Jair Bolsonaro, pelo menos durante alguns anos. O Brasil tinha duas feridas históricas mal curadas: o colonialismo português e a ditadura. A ferida do colonialismo estava mal curada, porque nem a questão da terra, nem a do racismo antinegro, anti-indígena e anticigano (as duas heranças malditas) estavam solucionadas. A última só o primeiro governo de Lula começou a enfrentar (ações afirmativas etc.).

A ferida da ditadura estava mal curada devido ao pacto com os militares antidemocráticos na transição democrática de que resultou a não punição dos crimes cometidos pelos militares. Estas duas feridas explodiram com toda a purulência na figura de Jair Bolsonaro.

O pus misturou-se no sangue das relações sociais por via das redes sociais e aí vai ficar por muito tempo por ação de um lúmpen-capitalismo legal e ilegal, racial e sexista, que persiste na base da economia, uma base ressentida em relação ao topo da pirâmide, o capital financeiro, devido à usura deste.

Esta ferida mal curada e agora mais exposta vai envenenar toda política democrática nos próximos anos. A convivência democrática vai ter de viver em paralelo com uma pulsão antidemocrática sob a forma de um golpe de Estado continuado, ora dormente ora ativo. Assim será até 2024, data das eleições norte-americanas, devido ao pacto de sangue entre a extrema direita brasileira e a norte-americana.

A tentativa de golpe de 8 de janeiro alterou profundamente as prioridades do presidente Lula. Dado o agravamento da crise social, a agenda de Lula estava destinada a privilegiar a área social. De repente, a política de segurança impôs-se com total urgência. Prevejo que ela vá continuar a ocupar a atenção do Presidente durante todo o tempo em que o subterrâneo golpista mostrar ter aliados nas Forças Armadas, nas forças de segurança e no capital antiamazônico.

Este capital está apostado na destruição da Amazônia e na solução final dos povos indígenas. A fotos dos Yanomami que circularam no mundo só têm paralelo com as fotos das vítimas do holocausto nazista dos anos de 1940.

Como poderia eu imaginar que, oito anos depois de dar as boas-vindas na Universidade de Coimbra aos líderes indígenas de Roraima (comitiva em que se integrava a agora ministra Sônia Guajajara) e de receber deles o cocar e o bastão da chuva – uma grande honra para mim – assistiria à conversão do seu território, por cuja demarcação lutamos, num campo de concentração, um Auschwitz tropical?

O Brasil precisa da cooperação internacional para obter a condenação internacional por genocídio do ex-presidente e alguns dos seus ex-ministros, nomeadamente Sergio Moro e Damares Alves.

crossmenu