Operação da Policia Federal na manhã desta terça-feira, 03/09, procura desmontar grande esquema de fraudes na concessão do Financiamento Estudantil do Governo Federal (FIES) e na comercialização de vagas e transferências de alunos do exterior (principalmente Paraguai e Bolívia) para o curso de medicina em Fernandópolis/SP.
O dono e reitor da Universidade Brasil/Uniesp, Fernando Costa, é um dos presos.
Veja aqui: os presos foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato majorado, cujas penas somadas podem chegar a 30 anos de reclusão. Eles serão ouvidos e posteriormente levados para cadeias da região onde permanecerão presos à disposição da Justiça Federal.
A Polícia Federal informou que dos 22 mandados de prisão da Operação Vagatomia, 16 foram cumpridos pela manhã. Seis pessoas estavam foragidas. Entre os presos estão o filho do empresário (preso no aeroporto de Guarulhos), funcionários da universidade e o presidente e o vice do Fernandópolis Futebol Clube. Fernando Costa foi preso em São Paulo.
Reincidente - Não é a primeira vez que a polícia bate na porta das escolas de Fernando Costa. Em abril deste ano, a Polícia Federal prendeu a secretária da Universidade Brasil em investigação por venda de vagas. No mês seguinte, maio, o Ministério Público Federal abriu ação contra a Universidade Brasil por preenchimento ilegal de vagas. Os sindicatos integrantes da Fepesp acumulam queixas contra a Uniesp/Universidade Brasil – inclusive de não pagamento de reajustes salariais, trabalho durante férias/recesso, e desconto de contribuição assistencial de professores e auxiliares sem repasse ao seu destino.
CPI - A fraude da Uniesp entra em uma lista de irregularidades que já foram motivo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito movida na Assembleia Legislativa de São Paulo, proposta pelo deputado estadual Carlos Giannazi. As denuncias foram encaminhadas ao Ministério do Trabalho.
Na polícia, a Uniesp também enfrenta acusação de fraude no sistema de financiamento estudantil do Fies, com a reclamação de alunos que receberam a promessa de ressarcimento completo de empréstimos para bolsas, mas acabaram ficando apenas com as dívidas.
Professores - Dinheiro para pagar professores a Uniesp tem. Se não tivesse, não estaria sustentando ‘parceria’ com clubes de futebol, como o Flamengo, no Rio, na inauguração do seu ‘Ninho do Urubu’ (na foto, o dono da Uniesp, à esquerda, com a camiseta do clube) ou patrocinando e apresentando projeto para o novo estádio do Clube Atlético Mineiro. Fernando Costa, o presidente-reitor, é frequentador dos encontros empresariais da LIDE, por exemplo.
Às professoras e professores da Uniesp em São Paulo, segue a recomendação: fiquem atentos aos avisos do seu Sindicato. Ao contrário da sua propaganda, a Uniesp não é solidária – mas vai ter que pagar.
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E MAIS:
Celso Napolitano, da FEPESP, Federação dos Professores do Estado de São Paulo, afirma que diversas instituições, entre elas a UNIESP, não cumprem minimamente a legislação trabalhista, e ainda assim recebem auxílio financeiro público, do governo estadual, por meio da Bolsa Educação, na qual o Estado entra com metade do valor da mensalidade e a outra metade é paga mediante trabalho comunitário feito pelos alunos no final de semana.
Veja o relatório final da CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo, em formato PDF, aqui: na página 5, 'o caso Uniesp'; na página 139, o dossiê dos sindicatos.
GRUPOS MERCANTIS NAS UNIVERSIDADES PRIVADAS
As fraudes praticadas pela Uniesp/Universidade Brasil, que agora passam a ser desbaratadas, compõem um quadro de precarização e mercantilização da educação superior privada no Brasil que está sendo discutido no programa desta semana na TV Fepesp. VEJA AQUI: