Este 11 de setembro marca 52 anos do golpe que derrubou o governo de Salvador Allende, no Chile, em 1973. Darcy Ribeiro considerava o médico socialista o mais preparado entre todos os dirigentes que conhecera em sua agitada vida política, de educador e também pensador da modernidade, especialmente acerca da América Latina.
O governo Allende se apoiava na Unidade Popular, frente com a qual venceu a eleição e buscou governar com autonomia frente às potências de então.
O governo Allende foi permanentemente sabotado pela direita chilena, pelo militarismo reacionário e, ainda, pela ultraesquerda. Nesse sentido, vale ler o libelo de Darcy Ribeiro: “Allende e a esquerda desvairada”.
Lá, como cá, a extrema-direita agitou os caminhoneiros. Eles fizeram greve de sabotagem, que paralisou o abastecimento de gêneros, num país de topografia acidentada, dependente do transporte rodoviário. A greve, capitaneada pela CIA, dividiu os chilenos dentro de casa: o marido trabalhador apoiava o governo aliado; a esposa o combatia porque faltavam na mesa os gêneros de primeira necessidade.
O desfecho do golpe se deu a 11 de setembro de 1973, com a traição do general Augusto Pinochet, então comandante em chefe do Exército. O general, que fazia juras de fidelidade à ordem constitucional, foi quem mandou bombardear o Palácio de La Moneda. E foi lá que Salvador Allende resistiu, de metralhadora em punho, até ser alvejado pelo inimigo.
Como gesto de extrema traição, Pinochet propôs a Allende embarcar num jato com a família e sair do Chile. Veio se saber, depois, que o mesmo Pinochet dera ordens para o avião ser abatido. Anos e anos depois, Pinochet seria julgado e preso por comprovada roubalheira em seu governo fascista.
Salvador Guillermo Allende Gossens era um líder culto e humanista. Pinochet dizia odiar poesia. Allende figura no panteão da História. Já Pinochet se encontra na lata de lixo da infâmia.
Que saibamos observar a História atual, aqui e acolá, com olhar cauteloso e arguto, para que a mentira, a violência e o golpismo sangrento não se repitam.
Viva Allende! Viva a unidade latino-americana!