Federação dos Professores do Estado de São Paulo, 24 de abril de 2024

28 de outubro de 2020

Negócios na Educação: Ânima Educação anuncia compra de ativos da Laureate no Brasil

Anima, dona da São Judas, superou oferta de R$ 4 bi da Ser Educacional e deve assumir unidades do grupo norte-americano que controla a FMU e Anhembi Morumbi

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Por Gilson Camargo
jornal ExtraClasse
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Em um comunicado aos acionistas, o grupo Ânima Educação anunciou nesta terça-feira, 27/10, ter sido notificada pela Laureate que sua oferta vinculante pelos ativos do grupo norte-americano no Brasil foi escolhida “como proposta superior de forma definitiva”. Em um comunicado, a Laureate declara que a proposta da Ânima superou a oferta da Ser Educacional em R$ 500 milhões, entre outras vantagens – leia nota no final deste texto.

 

Atualização, 30 de outubro: Depois de virar caso de Justiça, a briga pelos ativos da multinacional americana Laureate no Brasil chegou ao fim. A Ser Educacional e a Ânima Educação chegaram a um acordo definitivo que deve colocar fim ao litígio envolvendo o futuro das instituições pertencentes à Laureate no país. Pelo acordo, permanecerá válida a compra dos ativos por parte da Ânima (avaliada em 4,4 bilhões de reais), com o pagamento da multa contratual (go shop) avaliada em 180 milhões ao Grupo Ser Educacional. Mas não só isso. A Ser assina com a Ânima a opção de compra de cinco das nove instituições que compõem os ativos da multinacional americana no país. A assinatura envolve um contrato de aquisição das instituições UNIFG (Faculdade Guararapes), em Pernambuco; da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), na Paraíba; da UniRitter, da Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs) e do Centro Universitário IBMR, no Rio de Janeiro. As principais redes envolvidas na transação, a Anhembi Morumbi e o Centro Universitário FMU, ficarão sob gestão da Ânima. A aprovação do negócio será analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade. (da coluna Radar Econômico, revista Veja, aqui).

 

 

Em 13 de setembro, a Ser Educacional, quinto maior grupo educacional privado do país, informou aos acionistas a assinatura de um contrato com valor estimado em R$ 4 bilhões para a incorporação dos negócios no Brasil da Rede Internacional de Universidades Laureate. A transação marca um período de perdas de mercado na educação superior e prejuízos financeiros cumulativos das principais empresas de ensino privado do país que especulam em Bolsa de Valores.

 

Grupo paulista anunciou aquisição de ativos da Laureate por R$ 4.423 bi

 

A oferta acabou superada pela Ânima, que apresentou proposta de R$ 4,423 bilhões pelos ativos da Laureate. O montante engloba o valor da empresa, R$ 3,8 bilhões, uma dívida líquida de R$ 623 milhões da Laureate que será assumido pela compradora, e futuros no valor de R$ 203 milhões referentes a vagas do curso de medicina pendentes de aprovação.

Pela proposta, o grupo Ânima também assume uma eventual multa contratual a ser paga pela Laureate à Ser Educacional no valor de R$ 180 milhões. De acordo com o comunicado, a oferta vinculante foi submetida pela Ânima em 12 de outubro.

A companhia com sede em São Paulo controla as marcas UMA (Minas Gerais, São Judas (SP), Unisociesc (SC) e Unicuritiba (PR), tem 145 mil alunos de nível superior e teve lucro líquido de R$ 694,7 milhões no primeiro semestre de 2020.

A Laureate, que obteve lucro líquido de R$ 54,7 milhões no segundo trimestre, controla as universidades Anhembi Morumbi e FMU, em São Paulo, o IBMR, no Rio de Janeiro, e a UniRitter campi Porto Alegre e Canoas, a Fapa e a Fadergs no Rio Grande do Sul, todas incluídas na transação. A companhia havia recebido em setembro oferta de R$ 4 bilhões da Ser Educacional pelos ativos. A Laureate, que tem como principais marcas a Uninassau (PE), Unama (PA) e UNG (SP) e 271 mil alunos de nível superior teve lucro líquido de R$ 54,7 milhões no segundo trimestre.

 

Transação envolve repasse da FMU para um fundo de investimentos dos EUA

 

Negociação inclui repasse da FMU a fundo internacional – A Ânima acrescentou que a proposta inclui o repasse das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) a serem adquiridas da Laureate ao Farallon, fundo de investimentos norte-americano com atuação no Brasil. “De fato, Ânima Educação e Farallon já celebraram acordo, que acompanhou a proposta para Laureate, em que o Farallon assumirá a obrigação de comprar todas as participações futuras na FMU, simultaneamente à assinatura de contrato de compra dos ativos da Laureate pela Ânima Educação”, destaca a nota da companhia.

A proposta contempla posição de caixa disponível de R$ 793 milhões no segundo trimestre e financiamentos bancários no valor de R$ 3,3 bilhões com cartas de compromisso firmadas, segundo a Ânima. E ainda considera os recursos em dinheiro do contrato firmado com a Farallon para aquisição da FMU.

 

Detalhes da nova oferta – Em nota, a Laureate informa que a proposta da Ânima é aproximadamente R$ 500 milhões maior do que a Ser concordou em pagar pelos seus ativos, considerando o preço de fechamento da ação da Ser em 20 de outubro de 2020. “Há também um ganho incremental de R$ 200 milhões do preço de compra que a Laureate poderia receber com base em certas métricas serem alcançadas. Além disso, a Ânima pagará a taxa rescisória de R$ 180 milhões devida à Ser”.

A companhia pretende rescindir seu contrato de transação com a Ser o mais rápido possível e entrar em um contrato vinculativo definitivo com a Ânima.

“De acordo com os termos do processo “go-shop” acordado com a Ser, a Laureate tinha o direito de solicitar e se envolver em discussões com relação a uma proposta concorrente para a aquisição de suas operações brasileiras até às 12h01min (horário de Nova York), em 13 de outubro de 2020. Antes do término do período de “go-shop”, a Laureate recebeu uma proposta concorrente da Ânima, que, em 12 de outubro de 2020, o Conselho de Administração da Laureate determinou que constituía uma proposta superior conforme definido no acordo de transação. Em 13 de outubro de 2020, a Laureate notificou a Ser da proposta concorrente e superior, e Ser tinha o direito, por um período de cinco dias úteis, de acertar a proposta da Ânima”, diz o comunicado da Laureate.

No dia 20 de outubro, em vez de apresentar uma proposta, a Ser informou à Laureate que havia obtido uma liminar parcial e temporária exclusivamente com relação à rescisão do contrato de transação e sem uma decisão sobre o mérito do proposta superior, que será tratada após a Laureate apresentar sua resposta. “A Laureate pretende exercer vigorosamente seu direito de rescindir o contrato de transação com a Ser e concluir a venda de suas operações brasileiras de acordo com os termos da proposta superior”, conclui.

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